terça-feira, 6 de julho de 2010

Paixão e fúria (ou desespero) na ponta dos dedos

Vitor Araújo e seu gigante piano
Eu, Vitor Araújo, Gustavo e Lucas Dantas
Vitor Araújo
O descompasso que rompe o óbvio e traz um estilo próprio à música erudita

No palco quase que totalmente sem luz, surge um garoto de uns 20 anos. Camisa preta, gravata vermelha, calça jeans e um tênis All Star vermelho nos pés. Ao chegar próximo de seu piano, pega as folhas de partituras sobre ele e furiosamente atira-as sobre o chão, rasgando algumas. Quem nunca ouviu falar de sua personalidade e das surpresas de seu show, se assusta com tanta criatividade, talento e entrega à sua intensa emoção.

Após seu momento de fúria, ele se senta no banco diante de seu gigante e discorre sobre suas teclas mostrando que seu dominador chegou. Encanta a plateia que, vidrada e curiosa, acompanha a cada gesto seu.

Esta foi a descrição da apresentação mais recente do pianista Vitor Araújo, chamada “1º Ato-Paixão e Fúria (ou Desespero), aqui em Guarulhos, no Teatro Padre Bento. O show promovido gratuitamente pela revista Weekend nos dias 23 e 24 de junho, trouxe este fabuloso artista à cidade pela segunda vez.

Com um estilo próprio, forte e marcante ele simplesmente surpreende, pois sua apresentação é completamente um desconcerto do que estamos acostumados a chamar de concerto, justamente o que incomoda os conservadores. “Meu objetivo é quebrar esse preconceito de que música erudita é difícil”, diz Vitor em entrevista ao site Globo.com.

Sua espontaneidade, ousadia e paixão são transmitidas através de seu modo de tocar e de se comportar no palco. Com um sotaque recifense, ele recita poemas, declama suas verdades em um megafone, liga um velho rádio de pilha e misturas sons inusitados. Mas, também reverencia cantores consagrados como Chico Buarque e Luiz Gonzaga, interpretando algumas de suas canções, além de utilizar elementos de Beethoven, Chopin, Bach e Villa-Lobos, como em sua primeira canção de trabalho "Paranoid android", música da banda Radiohead, da qual é fã.


Vitor também compõe, porém seu repertório inclui apenas duas de suas composições "Valsa pra lua” e “A última sessão”. “Eu sou muito perfeccionista e muito crítico comigo mesmo, então só quis tocar as duas que eu gosto mais”, conta.

Em 2008 lançou seu primeiro CD e DVD solo o “TOC” e neste mesmo ano foi considerado artista revelação pela Associação Paulista de Críticos de Arte.

O jovem e irreverente pianista, trouxe o contemporâneo e o popular para a música erudita. Tornou-se um divisor de águas e saiu do óbvio e do comum através de seu talento e criatividade. Um show de Vitor Araújo não tem paralelo com nada e te deixa simplesmente, desconcertado. Isso porque já ouviu de pianistas conservadores que ele toca errado, mas como ele mesmo disse, “Toco errado, mas toco com paixão!” afirmou em sua primeira declamação no palco.


*Para saber mais sobre o artista e ouvir suas canções, acesse www.myspace.com/vitoraraujo# pois até o fechamento desta edição seu site estava em construção.

Matéria publicada na revista Alpha Praise Ed.15

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