Ontem, com um sono quase que
embalado pelo motorzinho de minha dentista e pós duas anestesias, despertei e
me enchi de coragem, e de entusiasmo, só em pensar que minutos depois poderia
estar frente a frente com Tom Zé. Isso mesmo, você não está enganado, com Tom
Zé, a lenda viva que marcou o Brasil com a Tropicália e nos comove desde sempre
com sua tamanha genialidade.
Bom, para quem está mergulhada em dois
livros sobre o Tropicalismo, nem precisa dizer que estar perto de um dos principais
personagens do movimento foi um dos momentos mais fascinantes de minha, ainda, curta vida. Senti-me um discípulo frente ao seu mestre e prestes a um orgasmo Cult.
O bate papo, realizado no Espaço
da Revista Cult, na Vila Madalena, foi mediado pelo jornalista Marcus Preto, da
Folha de S.Paulo, que vez ou outra repetia o que os convidados perguntavam a Tom, já com a
audição não tão boa. Inquieto, Tom mal conseguia ficar sentado, queria
gesticular e falar mais abertamente para as cerca de 50 pessoas, entre
integrantes de bandas e jornalistas, que preenchiam a sala espalhados pelo
chão, sentados ou em pé, intrinsecamente ligados e atentos a tudo que Tom dizia.
Ao entrar na sala, por volta das
20h35, eu não sabia se tirava foto, filmava ou gravava o que o mito de Irará contava.
Então fiz de tudo um pouco para registrar aquele bate-papo que se tornava quase
um monólogo. Tom Zé dava explicações de seu novo trabalho, Lixo Lógico, através
da semiótica. Dizia humildemente que tinha certa facilidade de fazer música e
que mesmo com seus bem vividos 75 anos ainda era capaz de aprender. “Décio foi a
pessoa que me apresentou o mundo que a gente vive. Aquele livro ‘Informação,
Linguagem e Comunicação’, todo o dia eu tô lá pra saber alguma coisa que
esqueci”, relata.
Caetano foi citado inúmeras vezes,
uma delas quando Tom reproduziu: “Tropicália é coisa de Tom Zé”. E
para quem pensa que o Tropicalismo foi apenas um movimento musical: Antes dele, homem nenhum usava roupas amarela, vermelha ou rosa. “A Tropicália e até
a Bossa Nova trouxeram um pouco de ‘feminilização’ aos homens”, conclui Tom Zé.
O carinho com que citava Neusa,
sua esposa, era envolvente. E, olha que ela não é o tipo de mulher passiva,
talvez por isso o amor dele por ela. “Se
eu fazia algo meia boca, ela dizia que não era digno de mim, então, que fizesse de novo.
Entre brincadeiras, sorrisos e
calorosos abraços e beijos o bate-papo foi encerrado. Tom Zé fez uma sessão de autógrafos
e pousava divertidamente para fotos com seus discípulos e admiradores.
Ouça aqui 3 músicas do novo
CD, Lixo Lógico.
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e-mail: 1bibi@uol.com.br.
Beijos tropicais,